CARLA CRISTINA CORRÊA DA COSTA
Dissertação realizada sob orientação do Prof. Dr. Gerson de Souza Mól e coorientação da Prof. Dra. Inês Sabioni Resck apresentada à banca examinadora como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Ensino de Ciências – Área de Concentração “Ensino de Química”, pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade de Brasília.
A motivação para a construção desse trabalho originou-se da percepção de que alunos e alunas pensam que as fórmulas químicas são o objeto de estudo da Química e não as substâncias e os materiais, as quais representam. Pesquisas em educação química têm comprovado que, didaticamente, o nível representacional do conhecimento químico tem sido priorizado nos currículos e em livros didáticos em relação ao nível fenomenológico e teórico. A desproporcionalidade de foco entre os três níveis pode estar fazendo com que os alunos pensem que as fórmulas são reais, sendo elas o objeto de estudo da Química e não uma linguagem desta. Verifica-se também que esse conteúdo não vem sendo vinculado a temas sociais, desconsiderando o contexto em que o aluno está inserido. Assim, dedicamos esse trabalho ao estudo das fórmulas químicas no ensino básico. A dissertação começa situando o ensino médio e o ensino de ciências no atual contexto educacional, focando como perspectiva principal, para esse ensino, o auxílio à formação da cidadania. Buscamos valorizar a reflexão da prática e da pesquisa docente como meio de trilhar possibilidades para se atingir esse objetivo. Em meio a diferentes possibilidades, escolhemos fazer uma abordagem do tema de forma diferenciada das tradicionalmente evidenciadas no contexto escolar. Para dar mais sentido a esta pesquisa, propusemos realizar uma transposição didática de um conhecimento científico ainda pouco explorado como conhecimento escolar no ensino médio: A elucidação estrutural por análises físicas e químicas de substâncias orgânicas. O material paradidático proposto conta a estória de um aluno do ensino médio que necessita tomar uma decisão frente a uma situação do seu cotidiano. Ele achou um produto de origem desconhecida cujo rótulo indicava se tratar de um suplemento alimentar. A aquisição de conhecimentos químicos, relativos à elucidação da fórmula molecular e estrutural por análises físicas, químicas e espectrométricas (massa, infravermelho e ressonância magnética nuclear) das substâncias que compõe o produto encontrado, e a conseqüente descoberta da sua constituição fizeram toda a diferença na hora de decidir se ele consumia ou não o produto. O material paradidático, como um todo, procura propiciar a contextualização do conteúdo químico com o cotidiano do aluno; faz uso da história da ciência e da interdisciplinaridade como recursos didáticos, sendo desenvolvido por meio de um tema químico social.